Uma pausa na crise de extinção de espécies: como funciona a organização que conserva a biodiversidade de ecossistemas-chave na Argentina e região

Sofía Heinonen, bióloga e diretora da Fundación Rewilding Argentina (‘Fundação Rewilding Argentina’), apresenta sua experiência que a levou a potencializar a criação de territórios protegidos

08.02.24

Por Sofía Bouzón

Em meio à crise climática que o mundo atravessa, cresce a discussão sobre a criação de áreas protegidas, como os Parques Nacionais. Essas áreas são fundamentais para o desenvolvimento da vida como a conhecemos, devido aos bens e serviços ecossistêmicos que geram.

Essa premissa motivou o trabalho de Douglas e Kristine Tompkins, o casal que fundou a Tompkins Conservation, uma organização focada na conservação e restauração da fauna e flora de cada região. Desde a década de 1990, eles começaram a elaborar estratégias para implementar um “modelo de produção de natureza” no Sul Global. Com esse objetivo, ao longo do tempo, formaram equipes locais que até hoje trabalham para colocar em prática sua visão.

 

Juncal 2018 | Crédito: Franco Bucci/Rewilding Argentina
Juncal 2022 | Crédito: Franco Bucci/Rewilding Argentina

 

 

 

 

 

 

 

 

Juncal del Unco no Parque Patagônia, antes e depois de sua restauração.

 

Um legado que se estendeu por todo o país

O projeto inicial de conservação na Argentina foi realizado nos Esteros del Iberá, na província de Corrientes, localizada no noroeste do país. O Gran Parque Iberá (‘Grande Parque Iberá’) tem uma área de 1.300.000 hectares. Lá, está localizada a maior população mundial do ameaçado yetapá-de-colar e a segunda maior população de veado-do-pântano, além de ser um refúgio para espécies ameaçadas como o aguará guazú, o veado-das-pampas, aves de pastagem, jacarés e lontras. Entre os sucessos da equipe que trabalhou na região, destaca-se a reintrodução de tamanduás, onças-pintadas ou lontras-gigantes, uma medida projetada para garantir a biodiversidade nas áreas protegidas criadas.

“Com o objetivo de estender o legado de conservação além do Proyecto Iberá (‘Projeto Iberá’), a Fundación Rewilding Argentina (‘Fundação Rewilding Argentina’) foi criada, com uma equipe 100% composta por argentinos para continuar a restauração ecológica impulsionada pelos Tompkins em outras eco-regiões do país”, compartilha Sofía Heinonen. Neste contexto, a organização destaca que os profissionais envolvidos trabalham nos territórios onde os projetos estão localizados, portanto, têm um profundo conhecimento das áreas naturais e suas necessidades.

Em relação à importância do trabalho da fundação na Argentina, Heinonen acrescenta: “Demonstramos que um modelo de produção de natureza é possível. Contribuímos para a criação de territórios protegidos e restaurados, que garantem a saúde do ecossistema. Seu funcionamento adequado gera bem-estar nas comunidades vizinhas e propõe um novo esquema de economias regenerativas”.

Atualmente, a Fundación Rewilding está trabalhando em diversos projetos que se estendem por quatro eco-regiões da Argentina: o chaco úmido em Iberá, o chaco seco em El Impenetrable, o litoral marítimo e a estepa patagônica.

“Durante 2024, queremos expandir nosso trabalho para o mar argentino – a Zona Econômica Exclusiva – e colaborar com os governos para cumprir os compromissos assumidos de proteger 30% do mar e toda a sua biodiversidade. Esperamos poder ter um alto impacto e continuar com os projetos nas eco-regiões onde estamos trabalhando”, conclui a especialista.

Para saber mais sobre os projetos da Fundación Rewilding Argentina, tornar-se voluntário ou fazer uma doação, visite seu site ou redes sociais (Instagram, LinkedIn, Facebook, Youtube, TikTok).

 

Autor: lupadobem
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