Tradição viva: Feira no Rio de Janeiro honra a cultura indígena

Celebração aconteceu nos dias 13 e 14 de abril com um grande evento no Parque Lage, que incluiu diversas atividades, como a Feira Indígena Cultural, com belas peças de artesanato; canto e dança

19.04.24

O mês de abril é conhecido como abril indígena porque, tradicionalmente, desde o tempo do presidente Getúlio Vargas, comemora-se o Dia do Índio, atualmente conhecido como Dia dos Povos Indígenas. 

Recentemente, começaram a surgir uma série de festividades, principalmente voltados para a cultura indígena, como a feira organizada pela Associação Indígena Aldeia Maracanã, no Parque Lage, zona sul do Rio de Janeiro.

Segundo o indigenista Toni Lotar, que trabalha desde os anos 70 com vários povos das Aldeias Guarani, a celebração anual do Dia dos Povos Indígenas teve início no Parque Lage em 2014. 

A partir de 2015, foi agregado mais um evento, também anual, que acontece no dia 09 de agosto, celebrando o Dia Internacional dos Povos Indígenas, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). Essa data inclui todos os povos indígenas ao redor do globo terrestre. 

Maratonista Akaz’y Tabajara, de quase 77 anos, e sua esposa, Semehy Potiguara. Para ele, o melhor plano de saúde é atividade física.

Diversidade da cultura indígena

Toni Lotar fala sobre a feira, que acontece durante a festividade: “ela é composta por 100 barracas com diversos tipos de artesanato. Ao todo, participaram cerca de 400 indígenas representando mais de 30 povos do Brasil”. 

“O evento tem dois grandes objetivos: o primeiro é mostrar para o povo carioca e para os turistas a força e a diversidade da cultura indígena, que é muito forte; o segundo é funcionar como fonte de geração de renda, pois a principal atividade econômica dos povos indígenas é a produção e venda da arte que produzem. A feira atinge esses dois objetivos”, explica.

Quem organiza a festividade comemorativa é a Associação Indígena Aldeia Maracanã, criada em 2014, da qual Carlos Tucano, natural de São Gabriel da Cachoeira, Amazônia, é o cacique e Marize Guarani é presidente. 

A feira não se resume à comercialização de arte, é um festival de cores fortes, cantos potentes, que te chamam a acompanhá-los numa dança frenética que a quase todo momento tem início em algum espaço do evento.

Há crianças indígenas brincando, sempre perto das mães; muita defumação com ervas aromáticas para limpeza espiritual, compartilhamento de medicina da floresta, pinturas corporais, oficinas lúdicas e culturais, além contação das histórias que ouviram dos seus antepassados.

Também acontecem palestras, e os indígenas oferecem seus artesanatos para venda, o que possibilita levar recursos para suas aldeias, para que possam sobreviver com dignidade.

Mas, acima de tudo, eles celebram a vida com muita alegria e saúdam a Mãe Terra. Durante todo o tempo em que a feira durou, o ar estava tomado por músicas, cantos de passarinhos produzidos por instrumentos incríveis feitos de madeira ou bambu, e gritos. Muitos gritos de alegria. Ou seriam de guerra?

Arassari Pataxó é professor, palestrante, modelo e formado em Direito.

Espalhando conhecimentos

Iracema Pankararu, pernambucana, presente na feira com seus quitutes indígenas, oriundos de sua terra, mora no Rio há 30 anos, trabalha em eventos voltados para seu povo e vende bolo de puba, que é uma massa extraída de mandioca fermentada, de fubá, mungunzá e outras guloseimas, diz que se sente muito feliz por poder comercializar sua mercadoria e levar o sustento para a aldeia.

Já Tainá, da etnia Pataxó, vinda do extremo sul da Bahia, fala sobre o evento: “Minha aldeia fica localizada no Centro Nacional do Monte Pascoal, em Barra Velha, e esse evento está acontecendo para divulgarmos nossa cultura, expandir e falarmos mais sobre nossos povos e a nossa importância como nativos brasileiros”.

Tainá veio da Bahia acompanhada de outros “parentes”, como eles se tratam, para a festividade, e como ela diz, estão sempre viajando para outros estados e depois retornam para suas aldeias. Nesse intervalo, entre outras práticas, contam a verdadeira história do Brasil.

Esses eventos não têm patrocínio, são realizados em forma de mutirão pelos indígenas participantes, onde os custos são divididos entre eles. 

“Seria muito importante que alguém nos ajudasse apoiando, mesmo que fosse com uma ajuda pequena; qualquer colaboração já faz a diferença. Assim, poderíamos melhorar a estrutura da feira. Com patrocínio, poderemos investir mais, provocar uma repercussão maior e mais eficiente, e atrair um público maior”, conclui Toni Lotar.

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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