Puxirum Manaus e o malabarismo solidário na capital amazonense

O coletivo chegou junto a comunidades tradicionais e agricultores desde o início da pandemia da covid-19 e hoje colabora com a autonomia de cada uma delas

26.10.22

Crédito: divulgação

Por: Eduarda Nunes – Lupa do Bem / Favela em Pauta 

Durante a pandemia, muitas pessoas se uniram em projetos de assistência emergencial por todo o país e não foi diferente em Manaus, capital do Amazonas. Lá, em 2020, o Puxirum do Bem Viver surgiu como uma alternativa de caminho entre quem queria doar e quem precisava receber alimentos, materiais de higiene e equipamentos de proteção individual.

“A gente começou a atuar aqui em Manaus junto com uma galera de outros locais, como um coletivo focado na agroecologia e na entrega de alimentos. A gente nem se conhecia direito, fomos nos conhecendo por meio das ações”, conta Yago Santos, engenheiro ambiental que está no coletivo desde o início. 

O grupo é formado por voluntários que contribuem de diferentes lugares do país, mas a maioria da equipe mora na Região Norte.

Nesse cenário, o projeto arrecadava doações em dinheiro, alimentos, artigos de higiene e proteção individual e destinava para comunidades indígenas que, durante a pandemia, tiveram a saúde ainda mais negligenciada. 

De acordo com dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, no Brasil, foram 75.487 casos de indígenas infectados com a covid-19. O número representa 162 povos afetados pela doença, que vitimou fatalmente 1.324 indígenas.

O Amazonas foi um dos estados que registraram vítimas indígenas da covid-19 e iniciativas como a Unidade de Apoio Indígena – UAPI, um hospital de campanha criado e gerido pelos próprios indígenas, foram algumas das soluções encontradas para cuidar da população.

A prática da incidência do Puxirum

Com as doações financeiras, o Puxirum garantia o cultivo dos agricultores da Rede Maniva, que ficaram sem espaço para escoar seus produtos orgânicos por conta da suspensão das feiras e as fortes alterações nas vendas. O objetivo era colaborar com o sustento e as vendas desses agricultores, para assim repassar os alimentos às comunidades indígenas.

No entanto, durante a pandemia, houve um aumento expressivo e acelerado da fome e da insegurança alimentar. Segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar – Rede PENSSAN, em 2022 mais de 125 milhões de brasileiros conviveram com a Insegurança Alimentar em algum grau e 33,1 milhões enfrentaram a fome. 

A qualidade e a quantidade dos alimentos diminuiu e os grupos sociais que já eram vulnerabilizados ficaram ainda mais. Além disso, a crise do abastecimento de oxigênio que atingiu a rede de saúde de Manaus foi decisiva para que o grupo intensificasse o trabalho que era realizado. 

Dessa forma, as relações se estreitaram com novas organizações. Juntaram-se à Rede Maniva nessa articulação o Parque das Tribos, a Associação de Mulheres Indígenas Sateré Mawé e o povo Apurinã. Cerca de 70 famílias passaram a ser beneficiadas através da parceria que foi se solidificando com o Puxirum.

Perspectivas futuras

De início, o grupo agiu de forma emergencial e hoje, passados os momentos mais críticos da pandemia, o coletivo atua junto às comunidades beneficiadas auxiliando-as a conquistarem a própria autonomia.

“O vínculo ajuda a gente a entender o que é demanda,  o que é necessário nos territórios e a entender esse processo de todos eles serem vulneráveis porque foram vulnerabilizados”, conta o fotógrafo e também voluntário do grupo, Beto Oliveira.

Puxirum Manaus

Nesse sentido, o grupo já pode auxiliar na construção de hortas comunitárias, reorganização dos espaços onde os indígenas produzem e também articulando outros coletivos para atentar às questões climáticas. 

Para Yago, engenheiro e integrante do Puxirum, as questões climáticas e sustentáveis são “um cenário do presente, afetando completamente a qualidade de vida das pessoas e que precisam de pautas para modificações”.

No final, a principal expectativa do coletivo é fazer parte da construção de uma caminhada para o bem viver, um modo de vida em que a coletividade é a chave para que não haja violências e outras mazelas sociais, mas respeito ao funcionamento de cada uma das partes que compõem a vida em sociedade.

Para acompanhar e também saber os meios de realizar apoio financeiro ou voluntário, basta acompanhar o perfil do grupo no Instagram: @puxirummanaus.

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Autor: lupadobem
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