Projeto busca o empoderamento econômico de mulheres refugiadas

A iniciativa Mulheres do Sul Global foi criada após uma viagem à Índia e a realização de ações voluntárias, e hoje apoia o trabalho de mulheres refugiadas que atuam como costureiras

30.05.22

Crédito: Divulgação

Por: Gabriel Murga – Lupa do Bem / Favela em Pauta

O projeto Mulheres do Sul Global é um negócio social, que tem como principal objetivo o empoderamento econômico de mulheres costureiras inseridas em contextos de refúgio e vulnerabilidade social buscando a promoção do empreendedorismo e a formalização de costureiras microempreendedoras. 

A iniciativa é baseada na promoção do empreendedorismo, capacitação de habilidades, criação e venda de peças têxteis comprometidas com os novos paradigmas de produzir e consumir produtos sustentáveis e promove treinamento em costura de atelier, além de disponibilizar maquinário para trabalhar de casa. 

A origem da iniciativa surgiu em uma viagem de voluntariado à Índia no ano de 2015, feita por Emanuela, fundadora do Mulher do Sul Global, onde ela passou por diversas experiências diretas com a precariedade do modo de operação têxtil e a vulnerabilidade destas mulheres perante ao único ofício que sabem desempenhar.

Do Norte da Índia a uma ação transformadora em sua própria cidade

“Lembro que já no primeiro mês da minha chegada, senti uma firme determinação em desenvolver um trabalho que envolvesse mulheres e costura. Mas, foi um imenso desafio, uma vez que eu não sabia muito bem por onde começar, já que em toda a minha experiência profissional eu tive zero experiência com o mercado têxtil”, relata Emanuela.

Durante a observação direta do funcionamento de um ateliê que se foi elaborando uma ideia de projeto que pudesse empoderar mulheres através do seu ofício e como, através da costura, tantas outras questões fundamentais pudessem ser trabalhadas.

Mulheres do Sul Global

Assim, surgiu uma das principais iniciativas que compõem o projeto: o MSG Lab, um programa de iniciação à costura industrial e desenvolvimento profissional com três semanas de duração e 140 horas de capacitação para as profissionais. 

A iniciativa funciona como um laboratório de aprendizagem para o segmento têxtil que busca ampliar a integração econômica das mulheres migrantes a partir de um olhar atento para as questões de gênero e Sul Global. 

O MSG foi desenhado para que mulheres dominem as habilidades essenciais para trabalhar como costureiras na área industrial. Por meio de aulas práticas, a fim de contribuir para integração econômica sustentável, as alunas aprendem fazendo, e desenvolvem as competências iniciais necessárias para se tornarem micro-empreendedoras ou profissionais na área têxtil.

Curso gratuito que capacita e prepara para o trabalho em solo brasileiro

O curso MSG Lab é totalmente gratuito. Indicado para refugiados, asilados ou sobreviventes do tráfico de  pessoas com idades entre 18 e 65 anos, que tenham chegado ao país nos últimos três anos, que sejam capazes de se comunicar em português (nível intermediário) e seguir instruções com disponibilidade de três semanas, entre o período de 9h às 17h. O curso é gratuito  

Entre 2017 e 2020 foram lançados oito programas MSG Lab com mais de 110 participantes. Destas, 20 mulheres integram o núcleo duro da fábrica Mulheres do Sul Global após a formação no curso. No ano passado foram realizadas oito edições do programa com um total de 160 participantes, sendo 40 conectadas para oportunidades profissionais após a conclusão do treinamento profissional.

O Lab Aprendizagem é realizado em fábrica própria, que conta com infraestrutura industrial para atender ao perfil de produção em escala. As situações de aprendizagem consideram a realidade da profissão em seu local de trabalho, identificando elementos e situações práticas, bem como os cuidados básicos de conservação dos equipamentos.

Como acompanhar e apoiar o projeto Mulheres do Sul Global 

Pelas redes sociais é possível conhecer iniciativas como o MSG Lab, um laboratório intensivo destinado a formar mulheres migrantes, refugiadas e brasileiras com habilidades essenciais para se trabalhar como costureiras industriais. Por meio da loja virtual do projeto é possível apoiar diretamente o trabalho das profissionais que atuam nesse negócio social, com especial impacto para mulheres refugiadas de países como Angola e o Congo.

Autor: Redação - Lupa do Bem
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