Amigos da Praia: ações de preservação ambiental em Ilhéus

Crédito: Redes Sociais do Grupo de Amigos da Praia

Por: Gabriel Murga – Lupa do Bem / Favela em Pauta

O Grupo de Amigos da Praia (GAP), é uma organização não governamental que atua na cidade de Ilhéus, a cidade do estado da Bahia com o litoral mais extenso. O projeto surgiu em 2018,  a partir da mobilização de um grupo de moradores locais diante do lixo acumulado na praia da Avenida, no centro da cidade. 

No mês de fevereiro de 2018, em reuniões que aconteciam na praça Rui Barbosa, o grupo estabeleceu o compromisso semanal de limpeza de praias, de forma a contribuir permanentemente para a preservação do meio ambiente e da beleza do maior potencial da cidade, a sua natureza exuberante. Atualmente, já foram retiradas 55 toneladas de lixo das praias de Ilhéus através desses mutirões.

Ilhéus está localizada a cerca de 450 quilômetros da capital da Bahia, e é parte do imaginário dos brasileiros por meio das obras do escritor Jorge Amado, onde as praias são comumente o cenário onde se desenvolvem as tramas. Para que novas histórias sigam sendo contadas sobre as areias das praias da “Princesinha do Sul”, mais de uma centena de ações ambientais foram realizadas nos últimos quatro anos pelo grupo.

O GAP tem realizado ações de educação ambiental, além de mutirões de limpeza de praias e plantio de mudas. O grupo atuou também em diversos momentos relevantes de crises ambientais, como recentemente no derramamento de resíduos químicos que afetou boa parte do litoral da região nordeste no ano de 2020.

O grupo possui o Selo GAP de Sustentabilidade, criado para assegurar as boas práticas na destinação de resíduos sólidos gerados na região da Costa do Cacau. O selo pode ser obtido por empresas, eventos, marcas, residências e condomínios. A iniciativa foi elaborada em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), plano elaborado pelo Programa das Nações Unidas.

Plantio de Árvores e manutenção das áreas de proteção permanente

No último dia da terra, o GAP realizou o quarto mutirão na Área de Proteção Permanente do bairro São Miguel, contando com a participação de moradores voluntários e da equipe que compõe o projeto. 

Na ação, foram plantadas cerca de 70 mudas de árvores frutíferas e florestais nativas da Mata Atlântica como, ipê, jacarandá, pau-brasil, goiaba, cajá, banana, tangerina, graviola, abacate e ingá, segundo levantamento da assessora de imprensa da organização, Vera Rabelo. O objetivo é reflorestar a área com cerca de 2000 árvores.

Segundo o engenheiro agrônomo e voluntário do Grupo de Amigos da Praia (GAP), João Paulo, responsável pelo plantio das mudas, o projeto atual está concentrado na Área de Preservação Permanente (APP) do bairro São Miguel, localizado na zona Norte de Ilhéus, na foz do Rio Almada. 

O território possui 122 mil metros quadrados de extensão, sendo que desse total é preciso reflorestar e recuperar um trecho de 22 mil metros quadrados que se encontra completamente degradado, devido às intempéries naturais e ao mau uso pela população para descarte irregular de resíduos. 

Desde setembro de 2021, já foram plantadas cerca de 700 mudas, em formato de sistema agroflorestal, para diversificar a produção das frutas e favorecer a oferta de serviços ambientais de qualidade, como aumento da polinização, da ciclagem da água e dos nutrientes do solo. 

Hortas comunitárias: alimentos orgânicos para pessoas em situação de vulnerabilidade econômica

Em maio de 2020, o GAP implantou a horta comunitária do bairro do Outeiro, localizada nos arredores do centro histórico de Ilhéus, com o intuito de fornecer alimentos orgânicos para famílias que passaram por vulnerabilidade econômica decorrente da pandemia da Covid-19. 

Hoje, a horta comunitária possui uma área total de aproximadamente 497 metros quadrados, onde são cultivadas hortaliças como alface, couve, manjericão e também tuberosas como cenoura e beterraba, além de plantas alimentícias não convencionais (PANCS) e plantas medicinais. 

O projeto proporcionou a restauração e o melhor aproveitamento de um terreno baldio, beneficiando todos os moradores com o fornecimento de alimentos, além de dar oportunidades de desenvolvimento para as pessoas, com trocas de conhecimentos e de experiências. A proposta é transformar a iniciativa em uma horta-escola para os estudantes de Ilhéus, como recurso didático. 

“São diversos benefícios que esse tipo de projeto pode proporcionar. Através da horta é possível trabalhar a realidade e aproximar os alunos de questões que fazem parte do meio social, como a preocupação com os recursos naturais. Nesse sentido, a educação ambiental é um dos principais eixos que podem ser trabalhados através dessa metodologia”, explica o engenheiro agrônomo João Paulo, um dos idealizadores do projeto.

Composta Ilhéus atua para atender cerca de 500 famílias

O “Composta Ilhéus”, do GAP, é um projeto ambiental pioneiro na Bahia que pretende desviar 90 toneladas de resíduos sólidos do aterro sanitário do município em 2022, por meio da doação de 500 composteiras às famílias da zona urbana, impactando 2.500 pessoas diretamente. 

No último dia 7 de maio, data do encerramento da Semana Internacional de Sensibilização para Compostagem, o GAP concluiu a primeira etapa do projeto, com uma ação pública para entrega de mais 33 kits, contendo baldes e composto de minhoca para iniciar a prática de transformar resíduos sólidos em adubo orgânico. 

De acordo com a engenheira agrônoma e coordenadora da iniciativa, Dávila Maria, a meta é atender cerca de 500 famílias da zona urbana de Ilhéus. Desde fevereiro deste ano, quando foi iniciado, já foram entregues mais de 300 composteiras domésticas.

Enquanto conclui o trabalho de entrega das composteiras domésticas, o GAP começa a envolver escolas e restaurantes da cidade, que receberão composteiras maiores para executar a segunda fase do projeto. A proposta é integrar a horta comunitária do Outeiro com hortas em escolas, como já está acontecendo na Escola Municipal Heitor Dias. Os biofertilizantes produzidos pelas composteiras domésticas serão destinados a essas hortas, cuja produção beneficiará comunidades educacionais e comunidades.

A fundadora do Composta Ilhéus, Jurema Cintra, advogada e voluntária do GAP, criou o projeto com base nas suas práticas pessoais voltadas para a redução dos resíduos sólidos. 

“Eu composto há 17 anos, sou amante dessa prática e uso várias técnicas. Toda vez que eu postava nas minhas redes sociais os amigos faziam mil perguntas sobre isso. Depois de entrar no GAP, comecei a questionar minhas próprias relações de consumo e descobri as práticas lixo zero. A compostagem precisava então ser mais eficiente. Montei meu minhocário, com baldes de margarina reaproveitados e comecei”, relata.

Como apoiar e acompanhar o GAP?

Conforme explica a tesoureira do GAP, Jurema Cintra, os interessados podem participar presencialmente das ações que acontecem geralmente todo sábado nas praias de Ilhéus e também podem acompanhar as ações no Instagram e no Twitter. 

Além disso, é possível apoiar o GAP por Pix 33013795/0001-21 ou PayPal pelo e-mail gapilheus@gmail.com.  

Todos os recursos são destinados para ações de conservação da biodiversidade costeira e marinha.