Quilombo Aéreo: iniciativa busca equidade racial na aviação

O projeto Quilombo Aéreo entrega formação, capacitação e mais empregabilidade para pessoas negras dentro da área

20.07.23

Uma inquietação compartilhada que se transformou em luta. Assim iniciou o projeto de Kênia e Laiara Amorim, ambas comissárias de voo e coordenadoras do Quilombo Aéreo. Tudo começou quando as duas observaram o racismo e a baixa presença de pessoas negras na aviação. A iniciativa começou em 2019, mas, com o tempo, outros comissários negros se uniram a dupla, de forma a somar com o crescimento do grupo, como a chegada de Fernanda e Jirvalos, em 2021. O grupo iniciou como um coletivo de aeronautas, que se aquilombou através de um grupo de aplicativo de mensagens para buscar equidade racial e de gênero. Outras pautas começaram a ser levantadas, levando visibilidade às lutas de pessoas pretas na aviação civil brasileira e tornando públicas as pautas dos tripulantes negros.

Hoje a Quilombo Aéreo é uma instituição que oferece cursos profissionalizantes, desenvolve ações afirmativas para empregabilidade e recolocação profissional para pessoas negras, além de oferecer consultoria especializada nas pautas raciais dentro da aviação, com atendimento psicológico e jurídico afro centrado. 

Propósito do Quilombo Aéreo

O principal objetivo do projeto é combater o racismo e a baixa presença de pessoas negras na aviação, entregando formação, capacitação e empregabilidade.

O perfil Voo Negro, idealizado por Kenia Aquino, surgiu nas redes sociais na mesma época em que o grupo de aplicativo de mensagens de tripulantes pretos. Junto com o perfil Voe Como Uma Garota Negra, pensado por Laiara Amorim, promove a visibilidade e enaltece a presença de pessoas pretas na aviação brasileira, uma vez que ambas percebiam pouca evidência de fotos com a temática negritude em páginas voltadas ao tema.

O primeiro se transformou no projeto Voo Negro, realizado por meio do Edital Programa de Aceleração e Desenvolvimento de Lideranças Femininas Marielle Franco. O projeto ofereceu bolsas de estudos para o curso de comissário de voo e todo apoio necessário para profissionalização, com a ideia de fortalecer a presença de negros na área. Foram contemplados 11 alunos de forma presencial, em Porto Alegre. Posteriormente, o Quilombo Aéreo também se inscreveu no Edital Enfrente com o projeto ‘Pretos que Voam 2’, com aprovação. Mas para a realização do projeto, a campanha que está no ar precisa atingir uma meta, por se tratar de uma campanha “tudo ou nada” – que só conseguem receber os valores arrecadados se atingirem o total estipulado. As forças da equipe do projeto estão concentradas nas atividades burocráticas de implantação da escola e da campanha.

Se alcançar total sucesso com a campanha, o projeto acolherá bolsistas em nível nacional, através da escola online Quilombo Aéreo, já em fase de desenvolvimento. Os critérios de seleção seguirão a mesma cartilha da política de cotas das universidades. 

Impacto do projeto

Claudio Renan, filho de funcionários públicos, natural do Rio Grande do Sul e ativo no suporte nas demandas de organização, agenda e tecnologia, fala sobre os desafios, vitórias e impactos já causados pelo Quilombo Aéreo.

“Os desafios de enfrentar o racismo estrutural dentro da aviação são muitos, e isso se agrava quando pessoas precisam abrir mão de privilégios. Podemos dizer que a aviação ainda está muito aquém do ideal em termos de equidade e existe muito trabalho pela frente. Sobre vitórias, hoje, temos cinco mulheres pretas contratadas e voando pelos céus do Brasil e do mundo. Mas sabemos que podemos muito mais. Estamos empenhados nisso. Afinal, formar turmas de comissários é apenas uma parte, pois, para tornar esse trabalho completo, um dos principais objetivos desse projeto é a empregabilidade. O projeto já impactou 11 bolsistas, além de nove comunidades periféricas da cidade de Porto Alegre e região”, termina.

Claudio Renan ainda diz que esses alunos são um exemplo concreto de que mudar realidades é possível, e que alguns desses bolsistas têm filhos pequenos, o que acaba sendo um modelo de ascensão sócio financeira para os indivíduos em crescimento. É preciso apresentá-los a diferentes óticas da vida.

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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