Projeto usa inteligência de dados a serviço de investimentos sociais

A iniciativa busca estruturar plataforma que oferece segurança e rastreabilidade ao processo de doação a organizações sociais

20.12.21

Crédito: Divulgação

Por: Redação Lupa do Bem / Favela em Pauta

Fazer com que o apoio financeiro às organizações da sociedade civil seja percebido não como uma doação, mas como um verdadeiro investimento. Este é o objetivo da IMPACTO, empresa social que oferece uma plataforma tecnológica para conectar doadores a instituições que necessitam de suporte para se estruturar e crescer. 

Com o anúncio de uma campanha online focada em projetos de artes marciais, a organização está implementando um sistema de inteligência de dados a partir das motivações e do comportamento de quem investe em iniciativas humanitárias, a fim de simplificar os processos de contribuição e proporcionar segurança, transparência e rastreabilidade dos impactos gerados.

Para aplicar a tecnologia a serviço do investimento social, a empresa faz a curadoria de organizações com estruturas já consolidadas, levanta as suas necessidades e estrutura campanhas de doação. A partir das contribuições, a companhia realiza pesquisas com os usuários.

Além disso, o investidor pode acompanhar como o dinheiro está sendo utilizado, já que todas as instituições beneficiadas têm o compromisso de prestar contas sobre o uso dos recursos para poderem receber novos repasses. Estas informações estão sendo estudadas para que uma única plataforma traga soluções simplificadas para envolvimento dos investidores com as mais diversas causas.

A fundadora e CEO da empresa social, Camila Soares, explica que a empresa pretende fazer bom uso dos dados obtidos para enfatizar o papel dos investidores sociais no Brasil. “Na cultura da doação, os benefícios são vistos de forma unilateral: a pessoa doa o dinheiro, mas é como se os efeitos ficassem restritos à organização que o recebeu, sem beneficiar a vida de quem contribuiu”, analisa. 

“Ao falarmos de investimento social, colocamos o indivíduo como agente de transformação, que entende que, ao apoiar um projeto, gera valor para toda a cadeia produtiva e está investindo em um futuro melhor para a sociedade. A tecnologia e a inteligência de dados nos permitem criar uma rede de colaboração e confiança, que coloca cada vez mais pessoas no papel de investidor a partir da percepção de que é rápido, fácil e vantajoso gerar impacto positivo em qualquer lugar, sem dúvida ou necessidade de estar na linha de frente”, explica. 

A campanha de artes marciais da IMPACTO contempla as seguintes organizações: Abraço Campeão (Rio de Janeiro – RJ); Vidigal Capoeira (Rio de Janeiro – RJ); Acorda Capoeira (Rio de Janeiro – RJ);  Arte Transformadora (Rio de Janeiro – RJ); e Fundação Gibi (Taboão da Serra – SP). 

A carência de recursos financeiros para pagar as inscrições dos alunos nos campeonatos e a falta de infraestrutura e de materiais como kimonos, luvas, faixas, tatames e equipamentos de proteção são alguns dos principais problemas reportados pelos representantes dos projetos.

Incentivo ao esporte

Com sede localizada no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), a ONG Abraço Campeão trabalha com crianças e jovens de 7 a 29 anos, mesclando práticas esportivas com aulas obrigatórias de desenvolvimento pessoal.

Desde a fundação, em 2014, 1200 alunos passaram pela organização. Hoje, cerca de 300 pessoas frequentam as aulas de boxe, karatê e funcional.

Alan Duarte, fundador do Abraço Campeão, explica como o elo com a IMPACTO ampliou o olhar da sociedade para as organizações sociais que precisam de investimento.

“A parceria criou uma ponte muito bacana da zona sul e do centro do Rio com o Abraço Campeão. Possibilitou abrir os olhos de moradores de todo o Rio de Janeiro, das áreas nobres, para se envolverem e investirem nos projetos e em pessoas como eu, que estão revolucionando a favela, a forma de viver, de organizar as políticas públicas. A gente só vai vencer com a coletividade, com uma rede para potencializar e trazer dignidade e qualidade de vida a todos nós”, diz Duarte.

Em atividade desde 2016, no Complexo da Penha, o projeto Cultural Arte Transformadora também é um dos contemplados no trabalho da IMPACTO. Com uma proposta multidisciplinar, a iniciativa facilita oficinas artísticas, culturais e esportivas para 260 alunos, que se dividem entre aulas de balé clássico, teatro, capoeira, dança de salão, jiu-jitsu, futsal, artesanato, informática e reforço escolar.  

Outra organização beneficiada é o Vidigal Capoeira, projeto com aulas gratuitas de capoeira e dança afro para cerca de 100 pessoas na favela do Vidigal, na Zona Sul do Rio. Ao realizar diversas atividades para a comunidade, como espetáculos cênicos, apresentações musicais, debates, palestras, oficinas práticas e workshops, a organização difunde manifestações culturais afro-brasileiras.

O mestre de capoeira e fundador do projeto, Messias Freitas, destaca o papel da campanha da IMPACTO para a sequência do trabalho da ONG.

“Temos uma parceria de grande valia, que surgiu para suprir nossas necessidades em relação a equipamentos e materiais, para podermos dar continuidade de forma digna e próspera. Sabemos que nem todos possuem tempo para se doar a um coletivo ou instituição. Uma maneira de ajudar efetivamente é por meio de doações financeiras, mesmo que seja pouco. E, quando o valor pode ser acompanhado desde o dia em que saiu do seu bolso até o objetivo final, é prazeroso doar e saber que seu suor está fazendo o bem e a diferença na vida de alguém”, afirma. 

Na Rocinha, o Acorda Capoeira, a quarta iniciativa carioca na campanha, desenvolve um projeto esportivo e sociocultural há 17 anos. Atualmente, o grupo ocupa o espaço do Complexo Esportivo da Rocinha e mantém suas atividades espalhadas pela comunidade.

A organização conta com alunos que viajam frequentemente para apresentações no exterior e possuem, ainda, representantes espalhados pela Europa.

Por fim, os recursos angariados pela plataforma da IMPACTO beneficiam também a Fundação Gibi, em Taboão da Serra, no estado de São Paulo. O projeto, que começou em 2017 e leva o nome do técnico e ex-atleta Gibi, oferece aulas de boxe, karatê, muay thai, capoeira e jiu-jitsu para 245 crianças e jovens. Atualmente, a organização conta com 18 alunos competindo profissionalmente. 

O coordenador do projeto, Eduardo Santos, reforça o significado de cada doação. “Recebemos o primeiro aporte financeiro para compra dos uniformes das crianças do karatê e seguimos todos os processos de compra e prestação de contas com agilidade e transparência. A doação é muito importante. Doar é um gesto de amor ao próximo, é ajudar a transformar vidas e cenários através de atitudes”. 

Para saber mais informações sobre os projetos e fazer doações, acesse o site.

 

Autor: Redação - Lupa do Bem
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