Jornalista reúne profissionais negros na plataforma Futuro Black

Atuando há 7 anos como produtor de reportagem, Thiago Augustto criou a Futuro Black em busca de uma solução para a falta de diversidade.

08.09.21

Crédito: Divulgação

Por: Eduarda Nunes / Favela em Pauta – Lupa do Bem

Atuando há sete anos como produtor de reportagem, Thiago Augustto criou um planilha de contatos com profissionais negros, a fim de sanar a própria inquietação em torno da falta de diversidade entre as fontes jornalísticas que lidava diariamente. 

Em 2021 ele foi além e, com uma equipe formada pela pedagoga Dayse Rodrigues e o designer, Iron Santos, criou a plataforma Futuro Black: um banco de fontes e de talentos negros para que ninguém mais possa dizer que, no mercado, não tem gente negra capacitada para trabalhar ou dar entrevista.

Futuro Black

Há pouco mais de um mês no ar, o Futuro Black já recebeu mais de 300 cadastros, promoveu um curso de formação, apoiou outro e foi procurado por veículos de comunicação e empresas de outras áreas também. 

A ideia é conectar pessoas às oportunidades e conquistar uma abrangência nacional para a plataforma. A equipe está confiante: além dos pernambucanos, pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia já compõem os bancos.

Taxas de desemprego e informalidade

Em se tratando de um Brasil de 14 milhões de desempregados e 35 milhões de trabalhadores sem vínculos profissionais ou no mercado informal, fatores como gênero e raça interferem bastante. Segundo o IBGE, o país encerrou o ano de 2020 com as mulheres (52,9%) e as pessoas negras (72,9%) liderando o ranking de desempregados, por exemplo.

Iniciativas como a Futuro Black tentam contemplar pessoas negras que já têm algum espaço no mercado e também as que querem estrear ou se recolocar.  

“A gente sabe que o jovem negro, muitos deles não estão no mercado de trabalho. Então, a gente pensou em também dar cursos de formação para essas pessoas. Cursos, por exemplo, sobre a própria identidade e formação do eu da pessoa, além dos cursos técnicos”, conta Thiago. 

A primeira formação oferecida foi justamente a sobre reeducação racial, com Dayse, co-fundadora da plataforma.

Futuro Black: inclusão para o trabalho e novas perspectivas

Parcerias com outras iniciativas que promovam capacitação e inclusão de pessoas negras no mercado de trabalho, bem como na construção de novas perspectivas de mundo, constam no script da Futuro Black. 

Futuro Black

Na página do Instagram do projeto, é possível acompanhar a oferta dessas formações gratuitas. Na plataforma, é possível tanto se cadastrar como encontrar profissionais conforme a demanda de trabalho.

Outra inquietação que moveu a criação desse projeto foi o incômodo com o tratamento dado às pessoas negras no sentido de resumir suas contribuições nas discussões às suas vivências relacionadas ao racismo. 

A escolha pela criação de um banco de fontes e de talentos é evidenciar que, mesmo sem formação de ensino superior, pessoas negras contribuem com o mundo de diversas formas. 

Segundo Thiago, “é problemático quando a gente é fonte de informação somente a partir de nossa cor da pele, a partir de nossa raça. A gente não necessariamente está falando do nosso trabalho, da nossa aptidão.”

A equipe está empolgada e acredita que com a maior interação com pessoas de outros estados e regiões do Brasil por meio da internet, é possível conectar e contar com gente de todo o país e evidenciar a relevância da plataforma.

Autor: Redação - Lupa do Bem
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