ONG cearense mantém santuário com mais de 60 animais resgatados

Além de resgatar, a instituição trata da saúde e oferece abrigo a animais que sofrem com histórico de exploração

19.08.22

Crédito: Divulgação

Por: Kauana Portugal – Lupa do Bem / Favela em Pauta

Constituído há mais de uma década , o Abrigo Menino Vaqueiro atua resgatando animais de grande porte abandonados em Fortaleza (CE) e municípios vizinhos. A instituição é resultado da iniciativa de sua fundadora, a ativista da causa animal Márcia Freitas. 

Foi no dia 25 de janeiro de 2011 que o destino de Márcia cruzou, pela primeira vez, com o de um “gigante” – vocativo carinhoso usado por ela mesma para apelidar animais de grande porte – quando, em uma das avenidas mais movimentadas de Fortaleza (CE), um jumento agonizava à espera de socorro. Márcia se aproximou do jumento e nunca mais se afastou do ativismo em prol da proteção animal. “Eu ainda não sabia, mas naquele momento surgia o Abrigo Menino Vaqueiro”, conta. ]

A atitude solidária da protetora resultou em uma Organização Não Governamental (ONG) que hoje abriga 62 animais de grande porte, entre eles, cavalos, éguas, jumentos e jumentas. Dos animais abrigados pela ONG, a maioria é de vítimas de abandono após longas jornadas na tração animal, atividade ainda utilizada para o exercício de coleta e transporte em regiões metropolitanas no Nordeste do Brasil. Na Grande Fortaleza, o cenário não é diferente. 

Embora o Abrigo Menino Vaqueiro esteja há 11 anos em atividade, há apenas dois a iniciativa passou a ter sede fixa, em um município vizinho à capital cearense. “Logo no começo dos resgates, eu peregrinava com eles pelas ruas até encontrar um terreno vazio. Quando encontrava, colocava todos para dormir e ia para casa. No outro dia de manhã, retornava para continuar os cuidados. Eles obedeciam, passavam a noite me esperando”, detalha Márcia. 

Com o tempo, no entanto, a estratégia deixou de funcionar. Em um dos episódios de maior dificuldade, a protetora animal foi surpreendida pelo roubo de seis jumentos. Foram 15 dias de buscas até que os bichos fossem devolvidos. Depois do caso, Márcia resolveu buscar um local para instalar os animais de maneira definitiva. Embora o espaço atual seja adequado para o funcionamento do santuário, as dificuldades para manter o projeto são preocupantes.

Falta apoio para o santuário dos animais

Entre gastos com aluguel, alimentação dos animais, medicação e atendimento veterinário, o Abrigo Menino Vaqueiro desembolsa cerca de R$25.000,00 por mês. No cenário ideal, a quantia deveria ser paga em sua totalidade. Porém, as doações que chegam mensalmente variam entre três e quatro mil reais. Como resultado, a ativista precisa lidar com dívidas que se acumulam. 

“Só com o veterinário que cuida dos animais eu tenho um saldo devedor de R$8.200,00. Na loja de rações o montante já chegou R$13.000,00”, desabafou. Por conta de problemas cardíacos, a protetora precisou deixar o trabalho anterior, no setor administrativo de uma escola, e não possui renda fixa. Além disso, a ONG tornou-se sua principal ocupação. Outro problema é a falta de voluntários. Apenas um ajudante faz parte da rotina com os bichos.

“Eu tenho o sonho de comprar um terreno próprio e expandir as atividades do abrigo. Hoje nós já não podemos mais pegar nenhum gigante porque o espaço não permite. Mas eu não vou desistir, esses animais são minha vida. Não existe nada mais gratificante do que vê-los melhorando depois de todo o abuso e todas as agressões”, finaliza.

Onde estão as políticas públicas?

Existe uma lei municipal, instituída em 2015 e atualizada em 2019, que trata sobre a proibição da tração animal em Fortaleza. No entanto, apesar da existência dessa lei, a capital cearense se assemelha a tantas outras cidades que tentaram eliminar a prática. 

Não há registros de fiscalização efetiva para coibir a exploração de equinos (cavalos) e asininos (jumentos). Além disso, é preciso debater outras formas de trabalho e efetivação de direitos para pessoas que dependem dos animais para atividades ligadas ao transporte e reciclagem.

Ajude o Abrigo Menino Vaqueiro

Para ajudar o projeto a expandir o atendimento e resgate aos animais de grande porte, doe qualquer quantia através da chave PIX  85 9 8931-1281 (número de telefone). A doação é em nome de Márcia Virgínia Freitas dos Santos. No PicPay, basta procurar a conta “@abrigo.meninovaqueiro”. 

Também é possível apadrinhar um dos animais do projeto e contribuir mensalmente. Os padrinhos dos “gigantes” recebem brindes personalizados pela ONG. Acompanhe e conheça a iniciativa através do instagram @abrigomeninovaqueiro.

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Autor: Redação - Lupa do Bem
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