Universidade das Quebradas: o projeto que tem música como guia de conhecimento para artistas da periferia

Iniciativa é um curso de extensão da UFRJ e promove a inclusão desses artistas em espaços conhecidos

27.07.23

É de conhecimento comum que a favela e a periferia estão cheias de talentos que, por mais que produzam conteúdos relevantes, acabam não conseguindo abrir todas as portas porque existe a seleção e a exclusão. A Universidade das Quebradas (UQ), um curso de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),  consegue colocar essas pessoas dentro da Academia e promove justamente a inclusão desses artistas dentro de espaços como o Museu de Arte do Rio, por exemplo. 

Sandra Lima, produtora e professora na área audiovisual, trabalha há 20 anos com cultura e atua nas aulas de Documentário no projeto. Ela conta que a Universidade das Quebradas teve sua primeira edição em 2010, e o foco sempre foi levar a periferia e a favela para dentro da Academia – ação que resulta numa troca de saberes.  

Os alunos já chegam com seus potenciais, suas histórias e vivências e agregam para a Universidade, que, por sua vez, dá o retorno da mesma forma. Sandra diz que a iniciativa nasceu de uma monografia realizada pela nordestina Numa Ciro, quando Heloisa Buarque de Hollanda abraçou a ideia e, juntas, pensaram o projeto, em parceria com a UFRJ.

A prioridade da UQ , como é chamada por alguns, é Arte, Filosofia e Curadoria. São oferecidas aulas de: Curadoria de Arte de modo geral, Documentário, Edição, Foto/Filmagem, Literatura e Poesia, Trilha Sonora, Projetos Culturais e muito mais.

Caminho artistas da periferia 

A Universidade das Quebradas é uma ponte para que as pessoas que vêm de favelas e periferias e que produzem um  trabalho bom e interessante tenham a chance de ter suas habilidades expostas em um museu e em outros espaços. 

Universidade das Quebradas
Universidade das Quebradas

Os participantes são artistas, ativistas e artistas ativistas. Ninguém começa sua história na Universidade das Quebradas, alguns são pessoas já reconhecidas, com bagagem e trajetória. São escritores, artistas plásticos, poetas, fotógrafos e outros.

Uma troca entre a favela, a periferia e a Universidade. A Academia acolhe o artista e ele leva um lugar de construção, quando a favela é abraçada e pode se colocar, produzir, mostrar seu potencial.

Sandra fala de três ex-alunos que já passaram pela Universidade das Quebradas: “Tem o Laerte Guline, carnavalesco com uma trajetória importante dentro do carnaval carioca; Gustavo de Carvalho, que tem um trabalho incrível, fez um documentário sobre Hélio Oiticica; e Paula Carriconde, artista plástica, fez um filme que traz toda uma questão da arte como transformação”, termina ela.

Quem pode participar do Universidade das Quebradas

Para participar basta ter acima de 18 anos e ser artista de alguma forma. A Universidade das Quebradas não é excludente, mas a preferência é para moradores de favelas e periferias. A classificação se dá por notas e não há exigência de nível de instrução.

Quais os benefícios de ser um participante do projeto? 

Oportunidade de estudar com grandes mestres da área, participar de um espaço de construção e troca de saberes, ter um diploma de curso de extensão da UFRJ, a divulgação do seu trabalho e uma bolsa para custear lanche e transporte e construir redes poderosas de contatos. 

De acordo com Sandra, o primeiro impacto causado pelo projeto é o empoderamento dessas pessoas, que acabam ganhando um conhecimento prático. Além disso, existe a aquisição de um diploma que abre portas e dá oportunidades, além do respaldo da UFRJ e do Museu de Arte do Rio e, por fim, as redes construídas.

Vale a pena se inscrever porque, além de você ter aulas com bons professores e um certificado da UFRJ, é possível construir muitas relações importantes por lá. Seja um quebradeiro! Se inscreva no edital lançado todo início de ano no site do projeto. É gratuito.

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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