Roda de Conversa com Acarajé – Samba do Joá

“Roda de Conversa com Acarajé - Samba do Joá" é um projeto que realiza atividades e eventos culturais durante todo o ano em datas temáticas, no Quebra Mar, Barra da Tijuca.

12.05.22

Além de muito Samba e Acarajé, o evento organiza a Feira Negrindia e apresentações culturais como Jongo, Capoeira e outras atividades e atrações ligadas às culturas afro e indígena. Os frequentadores, além de poder saborear quitutes da Bahia tais como Acarajé e o Abará, podem também se refresar com diversas bebidas, quentes ou geladas, que não podem faltar, inclusive Água de Coco e ainda dar um mergulho revigorante no mar. Desde já, o convite está feito.

O “Roda de Conversa com Acarajé – Samba do Joá”, tem o objetivo de valorizar a cultura popular e também é um ato de resistência. O “Samba do Joá” é um projeto do Circuito de Samba Carioca. 

O idealizador desse projeto é Israel Evangelista, conhecido dentro do Movimento Negro como Ofarerê, é baiano de Salvador e tem cargo de Ogã iniciado na Casa de Oxum Maré, localizada na Bahia. Ele é produtor cultural, ativista do movimento social CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras e coordenador do Movimento Afro Religioso Ofarerê RJ. 

Morando no Rio de Janeiro desde de agosto de 2003, Ofarerê veio a convite da Yalorixá Edelzuita de Oxaguian para contribuir com a instituição presidida por ela, INAOSSTECAB- Instituto Nacional, e Órgão Supremo Sacerdotal da Tradição Afro Brasileira. 

Um pouco da trajetória de Israel Ofarerê Evangelista 

Participou em março de 2004 da Primeira Caminhada em Combate a Intolerância Religiosa, realizada em Copacabana, após ser consolidado o objetivo de criar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa que é celebrado no dia 21 de Janeiro e foi instituído em Salvador pela vereadora Olívia Santana e oficializado em 2007. 

A data foi escolhida, porque nesse dia foi cometido um desrespeito contra à Sacerdotisa Mãe Gilda de Ogum (falecida em 2000), que em 1988, fundou o Terreiro de Candomblé Ilê Axé Abassá de Ogum, localizado na Lagoa de Abaeté em Salvador/Bahia. Segundo o site Calendarr Brasil, ela morreu depois de sofrer agressões físicas e verbais, bem como ataques à sua casa e ao seu terreiro, configurando Intolerância Religiosa, além de ser acusada de charlatanismo por adeptos de outra religião através de uma publicação num jornal.

Em 2012, Ofarerê foi convidado para celebrar o Centenário da Sacerdotisa Ìyá Regina de Bomgbosé (Bomboxé) de Iemanjá, falecida em 2009.  A celebração foi um cortejo com início no Posto Dois, quiosque de Oxumarê, até o Quebra Mar, na Avenida do Pepê, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Essa celebração ocorreu quatro dias após uma imagem de Iemanjá, que os pescadores tinham naquela localidade ser totalmente destruída, e não foi descartada a possibilidade de ato de Intolerância Religiosa, segundo o site O Globo Eu-Repórter

Ali começou uma luta com o objetivo de obter respeito pelos signos e símbolos das Matrizes Africanas. O tema foi debatido durante o cortejo e, nos anos seguintes, nos mês de março, deu – se início ao evento Presente de Iemanjá – Xirê de Iemanjá na localidade, tendo como responsáveis o Ofarerê, a Associação dos Pescadores Livres e os Amigos da Barra da Tijuca e Adjacências.

Em 2015, Ofarere recebeu o Prêmio de Ações Locais, Edição Rio450 da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro. Com a verba ganha, foi feita e colocada uma imagem de sereia com 750 quilos de concreto, onde antes estava a imagem de Iemanjá que foi destruída. 

Essa imagem foi consagrada por um grupo de sacerdotisas de renomes da cidade do Rio de Janeiro, tais como: Mãe Beata de Iemanjá (já falecida) acompanhada de alguns dos Ogãs da casa dela, Ilê Omiojuaro, Mãe Francis de Iemanjá, Mãe Mimi de Nanã, Mãe Almerinda de Oxum, Ebomy Miracema de Oxum, Ekedi Ivete de Iemanjá e pelo próprio Ogã Ofarerê. 

Estava também presente Aluísio Pica pau, pescador da localidade e Presidente da Associação de Pescadores da Praia dos Amores, que deu todo o suporte para implementar a ideia, e para realizar o evento. Na ocasião, o evento foi reconhecido como símbolo de resistência naquela localidade, Barra da Tijuca, e como manifestação da Cultura Afro Popular. 

Nesse mesmo ano o projeto “Roda de Conversa com Acarajé- Samba do Joá” realizou o evento cultural com a feira e culinária afro baiana para realizar o evento Presente de Iemanjá. E assim nasceu o projeto, fruto do Presente de Iemanjá.

Em outubro de 2019 o “Samba do Joá”, passou a integrar o Calendário de Rodas de samba carioca e foi considerado apto pela prefeitura carioca a realizar o Circuito Empreendedor do Samba. Ofarerê organizou uma feira com 30 expositores, e realizou uma apresentação com duração de duas horas seguida de manifestação e expressão cultural, e assim o projeto recebeu autorização para comercialização, de forma permanente, dos Quitutes da Bahia, tendo como referência o Acarajé, o Abará e seus ricos condimentos.  

Como o projeto “Roda de Conversa e Acarajé – Samba do Joá” se mantém? 

Ofarerê explica que o projeto se mantém com o Tabuleiro de Acarajé, montado próximo à imagem da Sereia, no Quebra Mar da Barra da Tijuca. Segundo Ofarerê, durante a pandemia eventos externos estavam suspenso e o projeto “Roda de Conversa e Acarajé – Samba do Joá”, recebeu contribuições dos expositores da Feira Negrindia e fez parceria com o comércio Delivery “Aconchego da Bahia”, espaço situado na rua da Chácara, 17, Tijuquinha, Estrada da Barra da Tijuca, e com isso o Tabuleiro do Acarajé continuou funcionando a todo vapor com o delivery. O mesmo espaço funciona também como sede do projeto, onde as reuniões acontecem. 

Abaixo a agenda de 2022. Todos os eventos são acompanhados da Feira Negrindia, Cultura Afro Indígena:

27 e 28 de junho, Samba das viúvas;

25 e 26 de julho, Aniversário da APELABATA- Associação dos Pescadores Livres e Amigos da Barra da Tijuca e Adjacências da Barra da Tijuca; 

Agosto Recesso;

19 e 20 de setembro, Samba da Primavera;

10 e 11 de outubro, Samba dos Erês e segue;

-Tabuleiro do Acarajé, diariamente no Quebra Mar da Barra da Tijuca com início às 11:00 e vai até a massa acabar;

-Delivery Aconchego da Bahia, de quarta a domingo, à partir das 16:00

Mais ações

“Em março de 2020, estávamos nos preparando para realizar o Salão Arte Naif de Portas Abertas, que à convite o artista plástico Jorge de Olinda, veio de São Paulo com o objetivo de pintar uma baiana de acarajé em um das pilastras, e as demais seriam pintadas por outros artistas representantes da cultura urbana como: grafiteiros, a galera do Hip Hop e outros. 

Com a chegada da Pandemia, essa ação ficou inviável e, por outro lado, o artista não pôde fazer a viagem de volta, então passamos dois meses pintando as 22 pilastras do Joá, com temas voltados para a localidade, para questão religiosa de Iemanjá e outras manifestações populares.”, conta Ofarerê. 

Outro ponto que ele pontua, é que as comunidades indígenas e de matrizes africanas tem necessidade de suporte para que possam ser multiplicadores das ações e gestões dentro das suas instituições, e assim poder concorrer de igual para igual aos editais lançados pelos órgãos governamentais e outros. O Samba da Consciência, participou então do Fórum Negrindio Rumo a Década Afrodescendente onde o Grupo Canoas estava presente. Canoas é um grupo de consultoria para projetos sociais que dá atenção aos editais voltados para povos tradicionais, promovendo acesso a essas pessoas, projetos e instituições que auxiliam na manutenção da cultura e da tradição de um povo.

Para mais informações sobre os eventos, entre em contato com Ofarerê nos canais abaixo. Expositores são bem vindos, quanto mais diversidade, melhor.

Todos estão convidados também para apreciar a arte Naif exposta nas pilastras do Joá RJ.

E-mail: ofarere@gmail.com

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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