Projeto Estação Vida foca no desenvolvimento seguro de crianças enquanto os pais trabalham

Uma iniciativa de um grupo de moradores que viu a necessidade de apoiar mães que precisavam ter um lugar onde deixar seus filhos

10.11.21

No bairro Shopping Park, em Uberlândia, Minas Gerais, está em ação há mais de 17 anos o Estação Vida: uma iniciativa de um grupo de moradores que viu a necessidade de apoiar mães que precisavam ter um lugar onde deixar seus filhos, enquanto passavam o dia fora trabalhando. Hoje atendem a 160 crianças e adolescentes com diversas atividades no contraturno escolar. 

Gabrielly Oliveira Nóbrega, responsável pelo Marketing da instituição, conta nessa entrevista a caminhada e a evolução do projeto ao longo desses anos.

Neuza Nascimento: Como começou o projeto Estação Vida?

Gabrielly Nóbrega: Oficialmente o projeto data de 17 anos, mas as ações começaram bem antes disso. Hoje somos uma Instituição formalizada. Esse trabalho foi iniciado por um grupo de moradores aqui do Shopping Park, frequentadores da igreja católica. Na época eles perceberam, que muitas mães não tinham como trabalhar por falta de opção de com quem ou onde deixar os filhos e, quando não tinha outro jeito, muitos deles acabavam por ficar sozinhos pelas ruas na ausência das mães. Então esse grupo de moradores decidiu desenvolver um projeto para poder apoiar essas mães, para que elas pudessem ter um local onde deixar os filhos enquanto trabalhavam com tranquilidade para trazer o sustento para casa. Inicialmente era um projeto pequeno, algo bem simples. O espaço que temos hoje começou como uma ocupação, mas devido ao lindo trabalho que é desenvolvido aqui, a prefeitura percebeu a necessidade dessa instituição e legalizou o projeto e o espaço. Uma das fundadoras, Leoni, continua aqui até hoje e está diariamente presente na instituição. Ao longo desse tempo ela viu muitas crianças entrarem e saírem e também pôde presenciar o impacto positivo que ao longo desse tempo causou em muitas vidas.

Neuza Nascimento: Quais os propósitos do projeto?

Gabrielly Nóbrega: A Estação Vida vai além de ser um simples lugar onde as crianças ficam, enquanto os pais trabalham. Na verdade esse é um dos pilares do nosso desenvolvimento para que os pais possam trabalhar tranquilos, sabendo que os filhos estão em um local seguro, desfrutando de um bom conteúdo. Os alunos ficam aqui no contraturno escolar, em média 4 horas por dia, de segunda a sexta. Nossa missão é, durante o período que eles ficam conosco, poder contribuir para a base de formação de cada um. O tempo que temos com eles precisamos utilizar da melhor maneira possível. Um Futsal não é simplesmente um Futsal, um Xadrez não é só um Xadrez; e assim por diante, como as demais oficinas. Aqui buscamos ser uma família para os participantes, ou uma extensão dela; tentamos agregar valores na base de formação dessas crianças para que eles possam crescer, incentivamos o desenvolvimento de cada um para que possam, no futuro, serem protagonistas conscientes de suas vidas, responsáveis e bons cidadãos. 

Neuza Nascimento: De quantos colaboradores o projeto dispõe?

Gabrielly Nóbrega: Nossa equipe é composta por 35 pessoas. Tem o Time da Costura, Instrutores, Coordenação, Diretoria, Financeiro e Marketing.

Estamos precisando contratar mais três pessoas para atuar na cozinha e na manutenção física do espaço. Onze funcionários são remunerados e o restante da equipe é mantida por editais de projetos e alguns são voluntários.

Neuza Nascimento: Como acontece a seleção dos beneficiários?

Gabrielly Nóbrega: A seleção acontece através de uma lista de espera existente. Os pais inscrevem as crianças nessa lista e, no final de cada ano, após fazermos as rematrículas, avaliamos nosso quadro de alunos e de acordo com a disponibilidade de vagas entramos em contato com a família, que aguarda uma oportunidade. O próximo passo é fazermos uma entrevista. Damos preferência aos casos mais urgentes, por exemplo, uma mãe solteira que tenha três filhos, precisa trabalhar e não tem com quem deixá-los.

Neuza Nascimento: Qual o número de beneficiários atendidos?

Gabrielly Nóbrega: 160 alunos entre 06 a 16 anos de idade.

Neuza Nascimento: Como a instituição se mantém?

Gabrielly Nóbrega: Realizamos algumas atividades que geram renda e o apoio da prefeitura, que é uma subvenção, mas temos também, principalmente, nosso setor de costura que nos acompanha desde a fundação. Inicialmente essa área era mais voltada para o artesanato, mas agora estamos trabalhando principalmente com a linha B2B que é a produção de uniformes para empresas, encomendas personalizadas, como ecobags usadas para brindes em eventos e assim por diante. Uma das principais fontes de renda geradas dentro da instituição vem do time da costura.

Também fazemos a Galinhada Beneficente, kits junino e de natal, etc. Se alguém quiser dar uma olhada em nossas produções, é só acessar nosso Instagram. Por fim, temos também o apoio de empresas parceiras que nos ajudam em ocasiões específicas.  Algumas já se foram, outras nos acompanham há um bom tempo, outras são novas e isso vai acontecendo de uma forma orgânica. 

Neuza Nascimento: Existe algum desafio que vocês enfrentam atualmente? 

Gabrielly Nóbrega: O grande desafio do projeto em si é a realização de sua própria missão. Impactar a vida de alguém, deixar uma marca positiva para contribuir na formação dessa pessoa para, no futuro, quando ela crescer e se deparar com situações cotidianas, possam se lembrar dos princípios que foram passados para ela. É algo complicado e é o nosso principal desafio. Queremos deixar uma marca, conseguir um espacinho ali no coração de todas elas para vida toda e isso algo que tem que ser feito minuciosamente, com respeito, muito cuidado e amor. Outro desafio que está sendo muito prazeroso para nossa instituição e sendo vencido aos pouquinhos, é o desenvolvimento do nosso espaço que foi construído e aprimorado aos poucos. A quadra, por exemplo, no começo era de lona e agora já temos uma quadra estruturada, e assim por diante. Atualmente, devido ao nosso trabalho interno em termos de arrecadação, estamos de um tempo para cá ajeitando mais esse espaço, reformando, fazendo pintura, construção de novas salas e suprindo algumas outras necessidades, há muito ainda a ser feito, mas digamos que já estamos no meio do caminho. E esse é um outro desafio, aos pouquinhos vamos levantando fundos com perseverança e assim podermos deixar o espaço do projeto o melhor possível para nossos alunos.

Neuza Nascimento: E vitórias?

Gabrielly Nóbrega: Os desafios que citei podem também ser considerados vitórias. E posso citar outras como ter mães de alunos que já foram nossas alunas. Olhar para essas pessoas e ver que carregam lembranças felizes do projeto, olhar para o espaço e ver que aos pouquinhos ele vai mudando e sendo melhorado para os alunos, isso também se enquadram nas nossas vitórias. Além das pessoas que passaram por aqui,  que hoje contribuem para um futuro melhor, passando adiante o que aprendeu na Estação Vida.

Neuza Nascimento: Gostaria de listar alguma necessidade da instituição?

Gabrielly Nóbrega: Precisamos de recursos financeiros, mas também aceitamos doações contínuas ou esporádicas como alimentos, brinquedos, roupas novas e usadas, sapatos e acessórios em estado de ser comercializado em nosso Bazar Beneficente. Sabe aquela roupa em bom estado mas que você não usa mais? Para nós seria uma entrada de recurso e que no final, vai ajudar nas despesas do dia a dia da instituição. Também aceitamos doações de itens para datas comemorativas como Natal, Páscoa e Dia das Crianças.  

Neuza Nascimento: Algo que você gostaria de acrescentar que eu não perguntei?

Gabrielly Nóbrega: Aqui no Estação Vida nós procuramos ser mais que funcionários e alunos. Os colaboradores são pessoas que já tem uma maior vivência com crianças e adolescentes, então é um momento, uma oportunidade de passar para esses alunos experiências de vida, conselhos e, de certa forma, incentivá-los a trilhar um caminho onde eles possam crescer conscientes de suas ações. Esse é nosso principal propósito, agregar valores nas bases das formações das crianças e adolescentes que passam por aqui, para que futuramente eles possam fazer isso com a sua descendência e assim por diante. Procuramos contribuir para um mundo melhor, plantando valores e os incentivando a serem bons cidadãos e a passar adiante o que aprendem aqui se tornando multiplicadores dessas ações.  

Gostou do projeto? Apoie essa ideia! 

Para mais informações, acesse o site: https://projetoestacaovida.com.br/

Contatos:  +55 (34) 9 9971-5806 / +55 (34) 3224-8731 / adm@projetoestacaovida.com.br 

https://www.facebook.com/estacaovidauberlandia

 

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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