Na contramão das más notícias, as agroflorestas

Iniciativas de regeneração do solo e da vegetação tem atuado na contramão dessas más notícias.

23.07.21

Crédito: Divulgação / MST

Por: Eduarda Nunes / Lupa do Bem – Favela em Pauta

Como canta Jorge Ben Jor, o Brasil é um país tropical “bonito por natureza”, mas parte significativa dessa beleza vem sendo degradada continuamente por ações humanas. Atualmente, o país passa por um dos períodos mais difíceis em relação ao meio ambiente com vistas de uma seca histórica que pode interferir no modo como consumimos energia elétrica. Mas mesmo em meio a esse cenário não tão animador, ainda há pelo que se esperançar.

Iniciativas de regeneração do solo e da vegetação tem atuado na contramão dessas más notícias. Embora com poucos incentivos institucionais, iniciativas sustentáveis, como os sistemas de agroflorestas, vem reabilitando espaços que tinham sido devastados pelo mau uso do solo ou pela degradação dos rios. Desse modo, famílias resgatam as potencialidades da terra ao mesmo tempo em que produzem alimentos para própria subsistência e também para comercialização.

   

No dia em que o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) completou um ano, em janeiro de 2020, o Movimento Sem Terra (MST) lançou o Plano Nacional  “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” que pretende plantar 100 milhões de mudas em 10 anos. A iniciativa é uma alternativa ao modelo de exploração dos recursos naturais que está em curso em toda a América Latina. E é mais uma entre outras que também estão nessa corrida pela preservação de nossos recursos.

Nos países latinoamericanos as monoculturas (grandes plantações de uma única espécie) estão muito presentes e voltadas para o comércio exterior. Embora gere lucro financeiro, elas provocam também um sequestro e empobrecimento de terras.  Uma terra saudável precisa que haja uma rotação de culturas que viabilize a recuperação do que foi retirado e a produção de outras vitaminas. Para tentar manter o solo produtivo e também acelerar o tempo entre plantar e colher os fazendeiros fazem uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que influenciam na qualidade do alimento que chega ao prato do consumidor.

Uma outra atividade que também é importante destacar nesse sentido é a mineração, que afeta tanto o solo como os rios. O modo de retirada dos minérios exige que a área seja desmatada e empobrecida, produz uma lama que é altamente tóxica e consome muita água. Em situações recentes de rompimento de barragens de mineradoras em Minas Gerais, pudemos testemunhar como a fatalidade que a realização dessa atividade pode afetar também as vidas humanas que estão envolvidas.

Nesse cenário, os sistemas de agroflorestas surgem como um respiro. Eles são a combinação da plantação de árvores e de produtos agrícolas na tentativa de reequilibrar os compostos da terra.  Uma mistura de floresta com roça que dá muito certo e tem referências em práticas indígenas tradicionais, segundo André Luiz Soares do coletivo nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”.

As agroflorestas fertilizam o solo de forma orgânica, sem uso de químicos para aceleração dos resultados, e viabilizam todo o ciclo de nutrição da terra. As culturas orgânicas preparam o solo para as árvores que fornecem folhas, frutos, galhos, enfim, matéria orgânica que será absorvida pelas plantas. Com o tempo, a fauna e a flora local reaparecem e as áreas degradadas se recuperam.

O já citado Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” promove ações de plantação de mudas por todo o país há mais de um ano no intuito de reverter as condições insalubres que essas atividades destinam aos solos. Além dessa campanha, o MST também também gere três agroflorestas em São Paulo, Paraná e no sul da Bahia.

André Luiz conta que um dos principais desafios, além da falta de valorização governamental para esse trabalho de cuidado com o solo e produção de alimentos, é a sensibilização dos agricultores sobre a rentabilidade desse tipo de plantio e a necessidade em repensar o modo de produção de alimentos. Atualmente essas agroflorestas e outros plantios de famílias assentadas pelo MST abastecem Armazéns do Campo, feiras livres, cooperativas e agroindústrias em todo o Brasil.

Crédito das imagens: Divulgação/MST

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Autor: lupaadmin
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